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Já não bastava os de Santa Catarina, agora são os ruralistas do Paraná

chearn73

O Eco de 09 de junho de 2009

O ataque à legislação ambiental segue percorrendo o país. Chegou agora ao Paraná, na carona da federação de agricultura daquele estado.

Assim como outras entidades ruralistas, apela para melodramas individuais para tentar derrubar uma lei que atende à maioria.

Texto recente da entidade mostra a situação de um pequeno agricultor às voltas com córregos e nascentes em seu sítio de dez hectares em Japurá.

Realmente, pela legislação, nada lhe sobra de terreno para agricultura tradicional.

O texto ruralista lembra da degradação provocada no passado pelo próprio governo associado ao setor privado, mas não fala em recuperação da área, nem que porções de reserva legal podem ser usadas para atividades econômicas controladas.

Mas, o mais importante, é que terras tão ricas em água e nascentes em meio à vegetação nativa nem deveriam ter sido ocupadas.

Falta planejamentoe orientação na ocupação do solo brasileiro.

Sem isso, fica fácil jogar a culpa nas costas da legislação.

Os grandes agricultores paranaenses estão com o mesmo sonho dos catarinenses de extinguir a reserva legal, de diminuir a mata ciliar para 5 metros, não preservar nascentes, plantar em várzeas, topo de morro, enfim, para que mata nativa? Quem foi a anta que inventou esta porcaria de reserva legal? pensam eles. Quem fez este código florestal não entendia nada bradam eles. Sim, porque eles, os grandes latifundiários, sim, eles entendem tudo … de destruir o planeta em nome do lucro imediato. Tendo seus agrodólares no bolso, que se exploda o resto.

As grandes cooperativas COCAMAR e COAMO são as mesmas que agora estão apoiando esta lei, porque nós, que já plantamos mata ciliar há cinco anos vemos estas cooperativas sendo amiguinhas dos agricultores e passando a mão na cabeça deles, incentivando o agricultor a não recompor a reserva legal porque estão esperando a mudança na legislação. Claro, lucro máximo e a natureza que se exploda. Querem plantar até dentro do rio, só não plantam porque a correnteza leva. Querem jogar terra em cima das nascentes para que elas sumam e eles possam ter mais uns metros de terra para plantar.

Será que o Luiz Lourenço e José Aroldo Gallassini vão comer os dólares da venda da soja, do trigo e do milho transgênico? Vão fazer suco de soja e de milho transgênico para substituir a água que bebem, quando a água dos rios acabarem pela falta da mata ciliar?

Deveríamos trancafiar esses dois seres insensatos – a palavra era outra mas o censor vetou – em uma casa por um mês e só deixá-los beber e comer esses três produtos em todas as refeições para eles entenderem a importância da água limpa, a importância das nascentes, não só como água de beber, mas também como habitat para peixes que fazem parte de nossa alimentação. Para que eles entendam que água é vida, que sem água não haverá semente que alimentará o gado com qual eles fazem churrasco. Que o acompanhamento do churrasquinho do final de semana é feito de legumes e verduras que também necessitam de água para serem cultivados.

Será que eles são tão burros – são não, claro que não – que não sabem que 70% de toda água é utilizada para agricultura e que somente 10% é água de beber e 20% é a água utilizada por indústrias? Quando os rios secarem os maiores prejudicados serão os agricultores.

E que história é essa de 5 metros de mata ciliar. Quem é plantador de mata ciliar como nós, sabe muito bem que em um terreno plano você planta árvores com espaçamento de 3 metros e sendo assim, dá menos de duas linhas de árvores, para proteger os rios de todo o veneno que o agricultor joga na plantação.

Nos temos visto, década após década no Paraná ninguém recuperando o que foi destruído para plantar e ninguém faz nada e, para complicar, agora, querem que isto vire lei, isto é, liberou geral, afinal para que 5% de floresta nativa no estado? Nossa vocação é plantar! Ouvimos isto à exaustão, mas sabíamos que o prazo de 20 anos para recuperação das áreas estava acabando e que eles teriam que recuperar o que destruíram mas, agora, vemos que se for como em Santa Catarina, adeus resto do resto da mata nativa no estado, afinal, 5% de mata nativa indo ao chão, vende-se a madeira, depois se planta ou cria gado, converte-se esses 5% em dólares … lá estão eles fazendo as contas.

É isso, faremos nossa parte divulgando mais esta canalhice dos ruralistas, mas no final, quem tem que barrar este crime contra a humanidade é o nosso governador, porque em Santa Catarina a lei passou e vem ministro dizendo que vai recorrer, blábláblá e nada. Foi só discurso político para não ficar feio para o governo que adora desmatar. Quando e se a lei for considerada ilegal, toda a mata nativa de Santa Catarina já terá ido ao chão para uso da terra para a agricultura.

Isto é Brasil. E depois vem o presidente bebum dizer que estamos dando exemplo ao mundo de como cuidar da natureza. Hahaha, faz-nos rir.

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