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As sacolas plásticas de uso único e seus adoradores

Sacolas plásticas e o uso consciente

Certas matérias são tão estúpidas que não dá para passar batido, tem que ser comentadas. A má vontade do jornalista chega a ser irritante. É aquela história de “vamos mudar o mundo, mas desde que eu não tenha que mudar”.

Recentemente, uma grande rede de supermercados anunciou a decisão de eliminar as sacolas plásticas em até quatro anos, medida elogiada por este prestigioso jornal. A verdade é que não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas.

Como assim? Nunca ouviu falar de sacolas retornáveis, carrinhos de feira, mochilas, furoshiki, caixas de papelão e de plástico, que hoje são dobráveis e podem ficar no porta malas do carro? Acho que esteve em marte nos últimos 5 anos, pois desde que criamos o projeto sacolas ecológicas, em 2005, temos divulgado as inúmeras alternativas às malditas sacolas plásticas de uso único.

Econômicas, resistentes, práticas, higiênicas e inertes, são reutilizáveis e 100% recicláveis. Tanto que, segundo pesquisa do Ibope, 100% das sacolas plásticas são reutilizadas como saco de lixo e são as embalagens preferidas de 71% das donas de casa para transportar compras.

Ele está distorcendo os dados. A pesquisa diz que 100% das donas de casa usam as sacolas plásticas de uso único como saco de lixo, mas em nenhum lugar diz que 100% das sacolas são reutilizadas. Vamos fazer as contas, se numa casa são utilizadas de 1.000 sacolas por ano – esta é a média no país – e cada pessoa põe o lixo para coleta uma vez por dia, temos que no máximo 365 sacolas são reutilizadas como saco de lixo. E as outras mais de 600 sacolas? Você sabe o que acontece com elas? São acondicionadas dentro de outra sacola e jogadas fora sem terem sido reutilizadas.

A questão é reduzir o impacto ambiental causado por aqueles que descartam incorretamente as sacolinhas. Pergunto: deve-se banir as sacolas ou promover ações em favor de seu uso consciente?

Resposta: banir para sempre esta porcaria de sacola plástica de uso único que jamais deveria ter sido inventada. Elas representam toda a preguiça da sociedade atual e representarão uma dor de cabeça sem tamanho, um imenso problema para as próximas gerações resolverem.

Imagine se baníssemos tudo o que é moderno, mas que tenha algum impacto ambiental. Voltaríamos aos primórdios, com baixa expectativa de vida, epidemias que hoje só são vistas nos livros de história e total falta de higiene no contato com os alimentos.

Apelou! Ele se esquece do Bisfenol, do amianto e de tantas outras invenções que tiveram que ser banidas porque se mostraram prejudiciais à saúde humana. Será que ele nunca ouviu falar que se algo não funcionar, deve ser banido?

Na sociedade contemporânea, a melhor forma de usufruir de conforto, praticidade, economia, segurança e qualidade de vida a que todos temos direito é utilizar esse ou qualquer outro produto de forma consciente, o que significa aplicar os três Rs: reduzir, reutilizar e reciclar.

Ah, que conceito antiguinho, mais século passado. Hoje falamos em 5 Rs: REPENSAR a nossa relação com o planeta e e de como o nosso consumismo está afetando a viabilidade da continuação da raça humana, com o objetivo de nos tornarmos consumidores sustentáveis, RECUSAR o que faz mal ao planeta e às pessoas – caso das sacolas plásticas e de tantas outras besteiras inventadas -, REDUZIR nosso consumo somente para o necessário para que todos – inclusive os humanos que ainda não nasceram – tenham à sua disposição os recursos naturais, ar limpo, terra fértil e água potável para para viverem uma vida digna, REUTILIZAR todas as  embalagens antes de separar para a reciclagem e finalmente RECICLAR, isto é, separar todo o material para a reciclagem e compostagem.

E isso é possível com as sacolinhas quando são feitas com a qualidade exigida pela norma técnica ABNT NBR-14.937, o que evita a necessidade de colocar uma dentro da outra para levar as compras ou usar a metade de sua capacidade, eliminando o desperdício. É um direito do consumidor exigir o selo de qualidade nas sacolas, que traz o peso que elas podem suportar (6 kg).

Caro escritor da matéria, você acha mesmo justo se demorar 1 segundo para produzir uma sacola, usar esta mesma sacola por no máximo 30 minutos e depois jogar no planeta esta praga para ela ficar poluindo o planeta por 500 anos? Você deve estar de piada. Não importa se esta sacola aguente 6, 10 ou 20 quilos, estamos falando do conceito da sacola plástica de uso único, da inutilidade desta invenção, símbolo do descartável, símbolo da sociedade consumista, que até a década de oitenta não existia e a humanidade vivia muito bem sem ela. Para mudar o mundo, mudar o futuro da humanidade, temos que mudar primeiro nossos conceitos e ações.

Com um consumo correto, não é necessário penalizar a população com alternativas como cobrar a preço de custo por sacolas retornáveis. Somos essa favor das sacolas retornáveis, mas a opção deve ser sempre do consumidor. E há a questão da economia.

Ahãm, falou tudo “sou um baita dum preguiçoso e não quero mudar, mesmo que o mundo acabe”. Isto é um absurdo, uma vergonha. Uma sacola retornável pode ser utilizada por anos, custa o mesmo que um maço de cigarro ou uma cerveja, o mesmo que um esmalte baratinho, então isso não é desculpa. Depois tem outra, quando você vai às compras, o varejista está comercializando o produto e não tem a obrigação de saber como você vai levar este produto para casa. Senhor jornalista, vai cair sua mão ter que pegar uma ou várias sacolas e deixar no carro, na moto, na mochila, na bolsa, para quando for às compras? Isso é ser organizado, isto é ser um consumidor consciente. Este discursinho é só para se justificar pela preguiça de usar sacola retornável, porque é muito fácil, as pessoas vão às compras sem organização, pois sempre terá um monte de bosta plástica, isto é, sacola plástica para embalar as compras. A partir do momento em que estas merdas plásticas de uso único forem banidas, certamente as pessoas irão pensar em como transportar suas compras e se organizarão, é só ter lei e as pessoas mudam, porque, se esperarmos que elas mudem apenas por boa vontade, ah, esperaremos para sempre.

Se 100% das donas de casa usam as sacolas para embalar o lixo doméstico e embalar o lixo em plástico é fator primordial para a saúde pública, então o consumidor de baixa renda terá de pagar também pelo saco de lixo?

Dãã, e o consumidor já não paga pela sacola plástica de uso único? Você é muito tolinho de pensar que estas sacolas plásticas de uso único são um presente do varejista, o preço delas está embutido em qualquer mercadoria que se adquire. O consumidor não terá que pagar pelo saco de lixo se ele for um cidadão consciente que separa o lixo para a reciclagem. Vamos dar uma aulinha para você de como o cidadão consciente faz para cuidar do lixo. 75% do volume do lixo corresponde a lixo reciclável e pode ser colocado em um saco de 200 litros ou uma caixa papelão ou um saco de ráfia que voltará para a casa depois de dispor o lixo para a reciclagem. Custo zero. 25% do volume do lixo corresponde a lixo de banheiro e lixo de cozinha e as pessoas podem usar os sacos de FLV – frutas, legumes e verduras – aqueles que usamos aos milhares por ano, na compra de alho, cebola, batata, pimentão … são sacos pequenos e que normalmente são jogados no lixo sem reutilização. Viu, senhor jornalista, zero de custo com sacos de lixo, é só pensar e a solução aparece facilmente na sua frente.

Também somos a favor das sacolas verdadeiramente biodegradáveis, que, como todos os resíduos biodegradáveis, requerem usinas de compostagem (unidades que oferecem condições para que a biodegradação ocorra de forma ambientalmente correta). No entanto, a palavra biodegradável pode dar a ideia de que tais sacolas podem ser descartadas nos terrenos e cursos d´água, provocando mais poluição. É mais um risco de levar a população ao erro e aumentar os danos ambientais. Por tudo isso acreditamos que a solução mais equilibrada é investir em informação e conscientização. Com pouco mais de dois anos, o Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, criado pela indústria do setor, já conta com a participação de três dos seis grandes grupos varejistas do Brasil, de inúmeras outras redes, além do apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e de congêneres estaduais.

Hahaha, agora entendemos o teor da matéria. Bem, de novo vamos falar do mesmo assunto. A máfia do plástico, percebendo a enxurrada de leis banindo a sacola plástica de uso único de plástico convencional pelo país afora e vendo se lucro diminuir, correu para inventar um projeto para parecer amiguinha do meio ambiente e recuperar, ou melhor, aumentar seus lucros e inventou este programa acima, em que aumenta em 30% o peso das sacolas, isto é, está aumentando o seu lucro em 30% e ainda posando de amiguinha do planeta e da humanidade. Ah vá, alguém acredita mesmo na boa vontade da máfia do plástico? Nós sempre vamos aos supermercados para ver como se comporta o consumidor e nestes supermercados com as sacolas com 30% a mais de plástico, as pessoas continuam usando duas ou três sacolas para acondicionar arroz, refrigerante ou produtos mais pesados, porque é o costume da dona de casa “ganhar” umas sacolinhas a mais para usar sabemos lá onde, nem a dona de casa sabe, ela só sabe que é de graça – se ilude – e tudo que é de graça ela quer mais, como se fosse um presente.

Outra coisa, quem não joga saco de lixo na rua não vai passar a jogar achando que a sacola com tempo de vida útil programado vai sumir, isso é uma balela inventada pelo xico banana da máfia do plástico para confundir a cabeça do consumidor. O porco irá continuar jogando a sacola plástica em qualquer lugar, mas dizer que a tecnologia para diminuir a poluição do mundo com o plástico inteligente vai deseducar a população é forçar a barra além da conta. É apelar.

Voltado para a conscientização da população sobre uso responsável e descarte adequado de sacolas plásticas, o programa já reduziu 40% do consumo das sacolinhas na maior rede de supermercados do país. Os plásticos são feitos para durar (ao durar, retêm carbono e não contribuem para o efeito estufa), e não para serem descartados na natureza.

Mentira, mentira, mentira. Manipulam os dados para ficarem bem na filmagem. Reduziu nada, pois como dissemos anteriormente, a dona de casa gosta de abundância de sacolas, adora pegar o máximo que puder. E esta história de que retém carbono esconde uma outra verdade de que tudo o que é orgânico – resto de comida – que é colocado dentro de uma sacola plástica de uso único de plástico convencional se transforma em metano, pois a sacola não se degrada e o metano é 23 vezes mais potencializador do efeito estufa do que o CO2. Ai, ai, ai, gostaríamos de pensar que é ignorância do jornalista, mas parece outra coisa.

Os plásticos são feitos para gerar muita grana para a máfia do plástico, até parece que eles estão preocupados em fazer este plástico durar para proteger o planeta do aquecimento global, hahaha, essa foi de doer. Lucro, senhor jornalista, é só no que a máfia do plástico pensa.

É importante que sejam usados, reutilizados, coletados seletivamente e destinados à reciclagem, que pode ser mecânica e os transformará em novos produtos, ou mesmo energética, que os converterá em energia de forma segura, como já ocorre na Europa, América do Norte e Ásia, conforme esta Folha publicou em reportagem especial no ano passado. No mundo existem 850 usinas de reciclagem energética. No Brasil, nenhuma.

De novo falando besteira, desinformando, pois plásticos ao serem queimados geram produtos tóxicos, cancerígenos. Nooossa, besteira em cima de besteira, como é que pode vomitar tanta besteira em uma só matéria!

O desafio ambiental é urgente e imenso. Porém, não será com a penalização do consumidor, mas pela educação e responsabilidade compartilhada da indústria, sociedade e do poder público e adotando soluções verdadeiramente consistentes que iremos garantir o bem-estar das pessoas e a preservação do meio ambiente. Não é justo promover o retrocesso.

Será sim com penalização, através de lei que banem a sacola plástica de uso único que mudaremos o mundo. Lembre-se, o ser humano é um bárbaro e sem leis só resta o caos. Isto não é um retrocesso, é um avanço que nos permitirá perpetuar a raça humana, um avanço que permitirá vivermos em um mundo mais limpo – 10% de todo o lixo gerado diariamente é composto de sacolas plásticas – um mundo melhor.

Fonte – Folha de São Paulo de 15 de março de 2010

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