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Mais uma resposta interessante sobre a matéria na Revista Época

 

Não basta usar o bom senso, o ideal é que tenhamos a visão de um pesquisador sério da área de polímeros, que não seja ligado às petroquímicas.

Leiam e reflitam a respeito.

Gostaria de aproveitar seu artigo para apresentar minha experiência, afinal da discussão resulta a luz.

Venho trabalhando com materiais poliméricos (em especial, os plásticos) desde 1979, sempre com pesquisa científica e desenvolvimento de novos produtos, tanto dentro de empresas como em universidades. Assim, acabei fazendo mestrado e doutorado na área dos polímeros (borrachas e plásticos).

A partir de 2003, comecei a estudar seriamente os materiais plásticos biodegradáveis, não só os oxi-biodegradáveis, mas também os hidro-biodegradáveis e os intrinsecamente biodegradáveis.

Na época, não acreditava nos oxi-bio, pois ouvia comentários do tipo que ainda são ouvidos hoje em dia.

Acabei me apaixonando pelo tema, e concluí outro doutorado em “biodegradabilidade de materiais poliméricos”, no grupo de Biodegradação e Bio-remediação da Faculdade de Agronomia da UFRGS.

Tive a oportunidade de trocar experiências com renomados pesquisadores internacionais da área, tais como Gerald Scott (Inglaterra) e Emo Chiellini (Itália).

Fui convidado e participo do comitê científico da Oxo-Biodegradable Plastics Association, o que me permite me manter bastante atualizado com as pesquisas sobre o assunto.

Então lá vai: Falar em oxi-biodegradáveis em geral é como falar dos plásticos biodegradáveis em geral. Isto é um erro, pois não são todos iguais.

Há muitos produtos no mercado, alguns dos quais eu conheço. Por exemplo, o produto d2w (da Symphony inglesa, representada pela rEs Brasil) realmente se pulveriza.

Só que as partículas já não apresentam mais a estrutura polimérica original: suas moléculas são muito menores, e carregadas de oxigênio, pois sofreram degradação oxidativa.

Esse material oxidado é sim biodegradável, a taxas mais ou menos elevadas, conforme as condições de biodegradação.

 De qualquer forma, muito mais rapidamente biodegradável que os materiais plásticos convencionais.

 Mesmo sem o período de oxidação inicial (calor e luz), o material vai-se biodegradando, à medida que os aditivos anti-oxidantes (em geral, em grande excesso) vão sendo consumidos e assim vai sofrendo oxidação.

Os resíduos não são tóxicos ao ambiente, conforme muitos trabalhos realizados por instituições especializadas do mundo inteiro têm mostrado.

Quanto à possibilidade de reciclar, os materiais oxi-bio podem ser reciclados sim, justamente porque a sua degradação é mais lenta que os biodegradáveis convencionais.

No entanto, é bom lembrar, a reciclagem de sacolas plásticas é antieconômica (quanto irá valer uma sacolinha suja de 3 gramas? Quanto custa para separá-la dos demais resíduos e classificá-la por sua composição química ?) quanto antiecológica (o que fazer com o resíduo de lavagem das sacolas, que geralmente se encontram sujas?).

É bom deixar claro, também, que a reciclagem por si reduz as propriedades físicas dos plásticos, a ponto que reciclá-los mais que duas ou três vezes é impossível, pois se degradam demais. E, depois disto, o que fazer com eles?

Por isto, em termos mundiais, a reciclagem de sacolas plásticas é inviável, respondendo por menos que 1% das sacolas, provavelmente muito menos que este valor.

Espero ter podido ajudar.

Coloco-me à disposição para maiores esclarecimentos.

Telmo Ojeda é consultor de polímeros biodegradáveis

http://colunas.epoca.globo.com/planeta/2009/01/12/contra-o-plastico-oxi-biodegradavel/#comments

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